terça-feira, 29 de março de 2016

Dependência

Quando somos crianças, nós dependemos dos outros o tempo inteiro: se nossos pais ou outra pessoa que cuide de nós não nos alimentarem, morremos de fome, se não nos vestirem, passamos frio, se não nos derem banho, ficamos imundos rs e assim sucessivamente, até que começamos a aprender a fazer essas coisas sozinhos.
Então, proclamamos nosso grito de independência: eu sei tomar banho sozinho! Deixa que eu faço isso! Não quero usar essa roupa, quero usar aquela! Me deixa na esquina para meus amigos não verem que venho para a escola com minha mãe! Não quero comer agora! Me deixa sozinha! Eu sei o que estou fazendo!
Com essa atitude, pegamos todo o peso do mundo e colocamos em nossas próprias costas quase sem perceber. E obviamente, não aguentamos todo o peso do mundo - mal aguentamos o nosso próprio peso.
Então, a gente supera a fase da rebeldia e começa a perceber que a gente precisa de um amigo pra desabafar, de um colo de mãe para o coração curar, da ajuda da prima para o quarto arrumar, de um sorriso para nos inspirar, de uma voz doce para nos acalmar.
Porém, temos um pequeno bug que nos impede de reconhecer e aceitar isso tranquilamente: somos orgulhosos :(
Então, quando chega alguém que sabe mais que nós ou pode mais que nós, temos a mesma atitude imatura e dizemos: não, pode deixar que eu dou conta. E aí, a gente vai e faz tuuuuuuudo errado de novo e de novo e inúmeras vezes e volta com a cara lavada pedindo ajuda. rs sim, acontece com todos nós.

Um dia alguém me disse: "Dani, confia em mim?" e como o mundo todo estava muito pesado em minhas costas e tudo o que eu tinha feito não foi suficiente e eu já não via saída, respondi: "sim, aceito!" haha
Daquele dia em diante, gradualmente tudo foi ficando mais leve e mais leve até que, agora, eu conseguia aguentar. Mesmo quando doeu, quando fui contrariada ou quando não pude entender, foi tranquilo e deu pra encarar.

Sabe? Depender parece difícil mas não é tão difícil quanto parece.
Na verdade, a gente não sabe mesmo muita coisa. Na maior parte do tempo, a gente não sabe bem pra onde ir. E ter alguém pra nos falar "vem por aqui" deixa tudo TÃO mais simples que vale a pena até não fazer as coisas do nosso jeito de vez em quando. Experimente para ver! *-*


domingo, 20 de março de 2016

Marcas

Há quem diga que cada pessoa que passa pela nossa vida deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. Nós saímos por aí distribuindo pedaços de nós. Pedaços esses que não voltam a ser nossos. Ou seja, em cada relação, ganhamos um pouquinho do outro, mas também perdemos um pouco de nós.

Existem pessoas que ficam em nossas vidas durante muito tempo, mas suas marcas em nós são pequenas, enquanto existem outras que em pouco tempo deixam marcas profundas.
A nossa vontade é que esse segundo grupo de pessoas nunca vá embora de nossas vidas. Mas a verdade é que o mundo não para de girar, a vida não para de acontecer e muitas vezes essas pessoas precisam ir. A nossa esperança, mesmo que inconsciente sempre é a mesma: que no menor espaço de tempo possível, elas voltem.
Enquanto isso não acontece, nós nos vestimos de saudade.
Em um dia normal, no meio do expediente, de repente rola um assunto entre os colegas de trabalho que nos faz olhar diretamente para a marca que a pessoa deixou, pois em algum momento do passado, esse mesmo assunto pautou uma conversa entre nós. Em outro dia, uma de nossas bandas preferidas lança um CD novo e nós falamos para todos os amigos e eles dizem: ok, legal!, mas não adianta, eles não entendem porque foi com aquela pessoa que conversamos sobre a banda, compartilhamos músicas favoritas e a vontade de ir pra L.A. vê-los de perto e essa conversa nos marcou. Ainda outra situação: nós estamos tranquilamente em algum local e olhamos pro lado e vemos um lugar vazio. O nosso olhar imediatamente se desvia para nossas marcas e nos faz pensar a mesma coisa: ele(a) deveria estar aqui, ao meu lado.
Quando o assunto é saudade, queremos fazer qualquer coisa para supri-la, porque saudade dói. E como dói. Daí vem os sonhos, as referências aleatórias que só fazem sentido pra gente, as stalkeadas que quase sempre só fazem doer mais e as lágrimas, que cedo ou tarde, sempre marcam presença. Mas junto com tudo isso, vem uma coisa que sempre ajuda a suportar a saudade: a esperança. Ela nem sempre faz muito sentido rs, mas sempre é de extrema importância. Em momentos de cura, por exemplo, temos a esperança de que tudo vai voltar a ser como era, mas nem sempre era tão bom e é melhor pra nós que as coisas não voltem. Em outros momentos, a esperança pode ser de reencontrar uma pessoa que partiu sem deixar rastros. Em alguns outros, a esperança é de poder rever nossos amados na eternidade. E em outros, apenas que a pessoa ocupe o lugar vazio ao nosso lado porque este é dela por direito.

Sobre marcas, uma vez uma senhora que gosto muito me disse que minha atitude marcaria.
Hoje, um presente me marcou.
Ultimamente, a saudade tem deixado sua marca.
Mas com frequência, ouço a voz da esperança: fique tranquila, em breve tudo estará de volta ao seu lugar.
Volta.
Nós esperamos.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Campo de flores

Estou deitada em um campo de flores olhando o céu.
Desde sempre o céu é algo que me encanta.
Gasto todo o tempo possível admirando-o.
Seu tamanho e beleza me fazem sentir menor, mas não sei. Tem alguma coisa nele que me faz acreditar que ele é um pouco feito pra mim. Então, observo-o por horas com o maior prazer.

Nesse cenário ideal, o certo seria que eu estivesse em paz, radiante.
E eu estou assim. Pelo menos fico assim. Mas não o tempo todo.
É porque mesmo diante desse céu enorme que parece um pouco meu, ainda sou eu.

Ouvi prévias do que acontecerá nos próximos dias e olho para o futuro e me empolgo toda.
Decidi que vale a pena passar pelo que for no presente, desde que possa viver essas coisas com as quais tanto sonho.
Contudo, saber para onde estou indo torna as coisas mais leves, mas não mais fáceis. Por isso não é tão fácil só deitar e assistir ao show.
Entendo muito bem as coisas pelas quais estou passando. Não tenho respostas para cada coisa, mas tenho ganhado algumas explicações - gerais, mas ainda assim, são explicações rs.
Mas ainda assim dói aqui.

Gosto muito de pensar que vou, sim, chegar lá. Mas que vou chegar lá sendo pessoinha. E está tudo bem.
Como pessoinha, sinto dor, medo, me sinto vulnerável, com frio, insegura.
Acerto aqui mas erro ali, aguento aqui mas estouro ali, tenho sucesso aqui e fracasso ali, porque afinal, é isso que eu sou: só mais uma pessoinha.
Mas sou uma pessoinha que não depende de suas próprias mãos e que pode descansar porque quando tudo aqui pesa, tem onde colocar seu fardo.
E leve fica :)


terça-feira, 1 de março de 2016

Além da dor

Os dias são difíceis, a dor é grande e não dá para simplesmente ser ignorada.
Como todo e qualquer ser humano normal, não gosto e não quero sentir dor. Por isso esse mal estar, mesmo que me lembre que isso faz parte de minha missão.
A dor é uma coisa complicada: ela nos torna egoístas. Prova disso é que muitas vezes não sabemos lidar com a dor que sentimos ao ver alguém que amamos sentindo dor rsrs. Contraditório, porém excessivamente humano e nada surpreendente.
Porém, em meio à escuridão do egoísmo, lampejos de luz mostram um caminho. Então, após alguns passos desconfiados, a luz aumenta e aponta para algo muito maior do que a dor: um propósito futuro do qual ela faz parte.
Ao enxergar as coisas mais claramente, a dor diminui. Na verdade, ela se torna até aceitável e quase bem vinda, porque é só parte do processo - e uma parte importante, fazer o quê?
Mas já não importa, porque agora só se quer ver o sonho realizado, o propósito cumprido. Assim, vale a pena sentir dor, vale a pena sofrer, vale a pena sangrar.
A dor pode nos fazer melhores ou piores. O que determina isso é nosso ponto de vista. Quando estamos olhando a dor de perto, é difícil enxergar o que está além dela. Mas acredite, vale a pena dar uns passos para trás.


Mesmo caminhando em dor, sou mais que vencedor ♫