quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Um passo só de cada vez

Levanta
Caminha
Sonha
Quer chegar logo ao destino
Espera

Às vezes o tempo é cruel
Enquanto a gente quer tudo
Agora, pra ontem,
Por que esperar?

Mas a vida
Que tem o tempo como melhor amigo
Conhece-o e o admira

Este lhe fez sábia
E por ser muito mais experiente que a gente,
Ela sabe que a espera vai nos ensinar

E quando seu amigo entender que aprendemos,
As coisas vão simplesmente acontecer
E nós teremos aprendido o suficiente
Para aproveitar a sonhada dádiva

Enquanto isso,
Vamos observar o caminho
Aproveitar as flores e a beleza da paisagem,
mesmo quando há buracos ou pedras na estrada


(desculpem a insistência. Eu sei que não sou boa em poesia, mas sou teimosa rs)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O país do futebol

O Brasil é chamado de "o país do futebol" devido ao sucesso que o esporte faz em nosso país desde sua chegada (apesar de ter atraído uns haters que eram contra a europeização do esporte nacional haha) e à importância que o brasileiro dá ao esporte.
Mas eu tenho a impressão de que a gente está levando a sério de mais essa nossa tarja.

Temos a máxima de que "futebol e religião não se discute", mas, na prática, a gente discute sim. Principalmente sobre futebol. E discute acaloradamente, com paixão, sempre convictos de que o meu time é melhor do que o do outro.

Mas as pessoas levam esse comportamento do futebol para discussões sobre outras áreas da vida em que é terrivelmente prejudicial agir dessa forma, como quando o assunto é política ou direitos humanos, por exemplo. Essas são áreas delicadas, em que o que está em jogo é o bem coletivo e que as discussões e decisões podem interferir diretamente na vida de milhares de pessoas, principalmente as menos favorecidas.

Porém, quando esses são os assuntos em pauta, as pessoas agem como nas discussões sobre futebol: não sabem conversar, sabem apenas brigar e ser donos da razão, mesmo quando não têm a menor experiência em relação ao assunto tratado.

Isso me deixa realmente assustada porque vejo a enorme dificuldade que as pessoas têm em conversar. E isso é pior ainda quando estamos na internet. As pessoas agem como se do outro lado da tela estivesse um robô e não uma pessoa.

Eu tenho opiniões bastante definidas sobre alguns assuntos polêmicos e gosto bastante de dialogar, conversar sobre eles, expor meu ponto de vista e ouvir o do outro para que possamos realmente trocar experiências e, se o outro estiver errado, eu poder fazê-lo enxergar com minha experiência e ponto de vista e vice-versa, também, porque me preservo do direito de estar sempre certa. Mas em várias ocasiões em que tentei puxar esse diálogo publicando em meu Facebook ou algo assim, pude notar essa dificuldade das pessoas em: conversar, desenvolver argumentos coerentes, com base em experiências. Geralmente, o que aconteceu foram discussões e argumentações intermináveis com base em notícias que nem sempre são de fontes confiáveis ou sem notar que pode haver um outro lado.

Enquanto jornalista, percebo a falha da minha classe. Enquanto comunicadora, fico preocupada com nossa própria dificuldade em observar a situação de uma forma mais ampla. Enquanto pessoa, fico apavorada com essa onda de ódio, com essa falta de capacidade de enxergar o outro como pessoa também.

Nós somos todos parte de um todo. E o que é coletivo interfere muito mais na vida das pessoas do que conseguimos imaginar. Não há problema algum em ter opinião. Mas há problema em não saber conversar e enxergar o outro como igual, como alguém que também tem opinião e pode estar certo, por que não? Que tal deixar de lado a obrigação de ter sempre razão e aproveita pra aprender coisas que jamais imaginou? ;)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Sobre ilhas

Partimos do pressuposto de que o outro sempre está bem: que vai rir das nossas piadas, que vai responder nosso bom dia, que vai nos dar suporte, que vai estar no mesmo clima que nós estamos.
Ficamos magoados quando o outro reage como não gostaríamos. Levamos pro pessoal e rotulamos a pessoa de mal humorada, chata, azeda - ou estranha, quando a conhecemos e sabemos que ela normalmente não é assim.
Em nossas relações, costumamos nos esquecer de que nos relacionamos com humanos como nós, que também passam por dias, fases ou mesmo momentos ruins, que estão indispostos, com alguns problemas ou mesmo mal humorados, já que todos temos direito a esses dias.
Alguém disse que não sabemos pelo que estão passando aqueles que passam por nós diariamente e que, por isso, precisamos ser gentis. E esse é um conselho bastante acertado, já que cada ser humano é um universo inteiro - e à parte.
Diante dos estranhos, mal humorados e azedos, nos fechamos em nossa própria afetação e nos esquecemos de quebrar a barreira do gelo e nos aproximarmos do outro ser, que também é humano, para conversar e entender se está tudo bem e, quem sabe, fazer a diferença no dia daquela pessoa.
Isolados em nossas próprias ilhas, nos afastamos uns dos outros. Mas que tal ser um daqueles que aprenderam a construir pontes, mesmo que essas passem por mares agitados? :)

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Envelhecendo

"— Ontem era jovem — disse ela. — Quando ri de ti. Agora sei que as pessoas no seu mundo não gostam que se riam delas.
— Você diz que era jovem?
 — Sim.
— Mas então hoje não é jovem também?
Ela pareceu pensar por uns momentos, tão atentamente que as flores lhe caíram, desprezadas, da mão.
— Entendo agora — disse ela, então. — É muito estranho dizer que se é novo no momento em que se está a falar. Mas amanhã estarei mais velha. E então hei de dizer que era jovem hoje. Tem toda a razão. Trazes contigo grande sabedoria, oh Homem Malhado.
— Que quer dizer?
— Este olhar para trás e para diante ao longo de uma linha e verificar como um dia tem uma certa aparência quando se aproxima e outra quando estamos nele e uma terceira quando eleja ficou para trás. Tal como as ondas.
— Mas ontem pouco mais velha eras.
— Como é que sabe isso?
— Quero dizer — disse Ransom —, uma noite não é assim tanto tempo.
Ela pensou de novo e depois, de repente, falou, o rosto iluminado:
— Estou agora a ver — disse. — Pensa que o tempo tem dimensão própria. Uma noite é sempre uma noite, faça o que fizer durante ela, e desta árvore até àquela são sempre tantos passos, quer os dê depressa ou devagar. Suponho que de certa maneira é assim. Mas as ondas nem sempre chegam a intervalos iguais. Vejo que vem de um mundo cheio de sabedoria... Se é que isto é sabedoria. Antes nunca o tinha feito... passar para o lado da vida e olhar para mim própria, estando a viver, como se não estivesse viva. Todos fazem isso no seu mundo, Malhado?" Perelandra (1943), C. S. Lewis - pg 90/91 

Lewis ganhou mais uma fã. E seus personagens também. E lendo Perelandra, me sinto como Ransom: encantado e ao mesmo tempo assustado com a alienígena tão parecida com ele.
Essa frase, repetida várias vezes pela personagem, me fez pensar em nossa condição como seres humanos e te convido a vir nessa viagem comigo haha

Por muitas vezes, me deparei com coisas em que acreditava no passado - em meus textos, registros, memórias do facebook kkk - e ou fiquei ok porque é algo com que ainda concordo ou quis apagar porque eu era uma boba de acreditar naquilo (e apaguei alguns :D) ou discordei plenamente da minha opinião antiga e quis discutir com a Dani do passado pra mostrar o quanto ela estava errada.
Há pouco menos de um ano, por exemplo, tomei a decisão de tirar do ar meu blog com mais de 30 mil visualizações porque percebi que minha visão estava totalmente errada.
O fato é que não importa qual tenha sido a minha reação, isso não muda quem eu era e em que acreditei.

Porém, como diz a personagem de Lewis, hoje sou mais velha do que antes - o que significa que cresci, que evoluí e ver o registro disso mostra a importância de ter passado por todos os processos pelos quais passei.

Voltando ao meu blog, não o excluí e não me arrependo de minha decisão. Porque aquela é a minha história e cabe a mim lembrar dela, mas não estaria fazendo um bem à humanidade espalhando ideais erradas por aí e por isso, o tirei do ar.

Muitas vezes, a gente fica com vergonha dessas coisas porque realmente eram besteira e realmente estávamos errados, mas elas são importantes para registrar a nossa evolução e amanhã ou depois, olharemos para o nosso hoje e veremos, ainda, o quanto evoluímos diante de tudo o que vivemos.

De qualquer forma, muitas das nossas ideias ruins só nos deixam quando passamos por situações que nos fazem enxergá-las com outros olhos. E várias vezes essas situações são dolorosas, difíceis ou chatas de enfrentar. Contudo, olhe como elas são importantes.
Muitas vezes, não queremos sair do nosso conforto e crescer ou "envelhecer", mas o preço vale a pena, pois se somos pessoas melhores que ontem devido ao que vivemos, que amanhã sejamos ainda melhores, mesmo que tenhamos que passar por dificuldades.

Mesmo que você não receba a visita de um extra terrestre para te fazer mais velho hoje, aproveite as oportunidades que a vida dá para refletir e absorver o conhecimento ao redor para crescer e se tornar alguém melhor! Não desanima não ;)