sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Nós fomos, não mais somos

Tenho certeza de que li sobre isso esses dias

Mas o que me fez vir escrever foi uma foto, mesmo. Dessas que a gente remove a marcação porque só falam do que passou. Eu sei que o que passou precisa ficar registrado, mas que seja na mente e no coração, não em marcações que obrigam a pensar nelas todos os anos.
Essa foto me fez refletir sobre como as coisas mudam.
Todas as vezes que olho para trás, me impressiono. Em algumas delas, fico nostálgica, em outras sinto orgulho de ver o quanto eu mudei, em outras, ainda, sinto apenas saudade e em outras, me deparo com cenas que eu preferia não ter visto, mas que são importantes, pois são parte do que me trouxe até aqui.
Mas em todas as vezes fico impressionada com a velocidade das mudanças e com o quão drásticas são a maioria delas (o dicionário disse que não existe drasticidade. Como não, amigo? rs). Isso me faz pensar no quanto nós estamos, mesmo quando temos certeza de que somos.
Um dia estamos amigos e no outro, o querido amigo partiu, em outro estamos em uma profissão e aí nos cansamos e decidimos estar outra coisa, um dia estamos em uma casa e então, decidimos ir morar em outro país, em um dia estamos mortadelas e a vida nos torna coxinhas.
Ainda assim, somos tão convictos de nossas crenças, de nossos sentimentos, de nossos estados, que acredito que o que traz beleza à vida seja tanto a construção quanto a desconstrução de cada uma dessas coisas.
Mas, apesar de tão efêmeros, nós de fato somos. Somos tudo aquilo que cada coisa que aconteceu em nosso caminho somada a cada coisa que aconteceu nos passos seguintes fizeram de nós. Somos todas as marcas que esses acontecimentos gravaram em nós. Somos todo afeto, toda convicção e toda mudança, porque essa não é efêmera como nós.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Meu lar

Quinta-feira, dia de evento. Vocês sabem como é, né? Esse pessoal da comunicação adora um evento. Depois de quase moher na subida da 9 de julho pra Paulista (sedentarismo, sacomé né? :/), avisei minha mãe que estava voltando pra casa e ela me disse que iria sair e não nos veríamos quando eu chegasse. No ônibus, estava incomodada, tentando ler um livro um pouco nebuloso, com medo de ser assaltada e com frio. Quase corri na rua da minha casa – precisava chegar logo em meu abrigo. Abri o portão desconfiada, corri pelo quintal e então, abri a porta.

Abri a porta e me veio um ar quente com cheiro de lar, cheiro de infância: o cheiro da comida da minha mãe, que é tão forte, tão seu, que eu achei que ela estivesse em casa. Cheguei a chamá-la e demorei alguns segundos para me lembrar de que ela me disse que iria sair. Percebi, então, o que faz da minha casa o meu lar.

As lembranças mais fortes de minha infância que envolvem o dia-a-dia em minha casa têm uma cena parecida: eu estava no quarto, brincando de casinha, enquanto minha mãe cozinhava para esperarmos meu pai chegar do serviço. Me lembro daquele cheiro de comida, de alho refogado, de feijão recém-temperado, de carne moída com batata, aquele cheio de amor que envolvia todo o ambiente e deixou sua marca na minha infância.

Quando abri a porta e senti aquele cheiro de amor, pensei que um dia chegarei em casa e não terei mais a comida da minha mãe pronta para me esperar. Sei que a morte um dia chegará para todos nós, mas antes disso, sei que a vida vai mudar porque essa é a consequência de crescer, assim como não brinco mais de boneca enquanto ela prepara o jantar.


Essas mudanças são o que tornam a vida bela. Meus pais já não são mais super heróis. Têm defeitos, problemas, dúvidas, medos, ficam doentes e hoje compartilham todas essas situações comigo. E, como parte de me tornar adulta, aprendi a amá-los ainda mais quando conheci suas limitações. Nossa história e lembranças são o que nos fazem família e, onde estamos juntos, estou no meu lar ♥

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sonho

Oi, você, com quem sonho desde criança.
Você, de quem imagino o sorriso, quase ouço a voz em minhas músicas favoritas, vislumbro seu olhar quando alguém me olha com ternura.
Gosto de te imaginar chegar, me dar um beijo carinhoso, deitar comigo e me abraçar, depois de um jantar simples, porém delicioso, que você fez e eu ajudei, porque você sabe que eu cozinho, mas domino melhor a arte de comer haha. Fazemos tudo isso na casa aconchegante que chamamos de lar. Você me dá um beijo e vamos para o quarto sonhar.

Sonho. É assim que você é desde que te via em meus contos de fada favoritos.
E quando cresci um pouco mais, entendi que você realmente era um sonho. Em outros olhos, enxerguei vislumbres de você, e como pra mim aquilo era o máximo que poderia ter, tomei aqueles olhos como meus, ou melhor, como seus. Mesmo que não fossem, assim, você, eles eram o suficiente pra mim, porque eu seria feliz de ter comigo alguém que eu pudesse sonhar ser você. Mas não adiantava, aqueles olhos não eram os seus. Logo, não eram os meus.

Em um dia de sonho, acordei e encontrei em minha realidade alguém muito parecido com você.
E eu ainda não sabia que você poderia ser real. E minha ignorância me permitia conformar com menos do que eu sonhava - desde que houvessem vislumbres seus.
Mas então, descubro que há uma possibilidade, mesmo que pequena, de você ser real, e quem não é você já não me é suficiente. Não é como se antes as coisas fossem fáceis, mas você as deixou mais difíceis.
Contudo, não pense que reclamo. Eu amo desafios. E amo mistérios.
De qualquer forma, já que há a possibilidade de você existir, por favor, não demora muito! Vem! Vamos escrever e compartilhar histórias, trocar livros e indicações, entender olhares e pedir sugestões, andar de mãos dadas por aqui ou por Paris. Vem!