sexta-feira, 13 de abril de 2018

Dona impaciência

Uma menina muito bonitinha brincava em meio a um parquinho.
Quando ela olhou para o balanço, o seu preferido, veio um menino bem dos maldosos - pelo menos foi essa a impressão que ela ficou dele - e se sentou antes dela.
Ela começou a chorar, achando que era tristeza.
Mas a verdade é que ela já estava ali. A menina é que não sabia.

Mais tarde, entrando na adolescência, um menino fez uma piada horrível.
Socorro, alguém precisa avisar que eles não estão fazendo sucesso, ela pensou.
Mas riu porque era o que as outras meninas também faziam.
A garota não percebeu, mas ela já estava ali.

Nos vinte e poucos, elas começaram.
As reviradas de olhos chegara, e ela suspeitou que havia  alguém ali.

Mas foi nos vinte e cinco que não deu mais para negar.
A cada dez reações, onze eram reviradas de olhos.
As pessoas começaram a falar, ela começou a se culpar, as amizades começaram a se afastar.

Em um dos muitos dias, conheceu outra moça com 25.
Em cinco minutos de conversa, ela reconheceu.
Deu risada, não poderia ser.
Mas teve certeza de que a intrusa estava ali, e também estava na outra.

Então se acalmou.
Identificou que o problema começa bem antes, mas piora aos 25.
Não foi só com ela. A colega era de outro Estado da Federação.
Ainda assim, a bendita impaciência se mostrou, deixando claro que não faz diferença se é do Sul ou mais de cima, se é loira ou morena, se gosta de rock ou de pagode.

No olhar, é fácil enxergar.
Seu pai nem disfarça mais: "Lá vai a Dona Impaciência".
A amiga já se antecipa: "Eu estou até vendo seu olho revirando ao ler essa mensagem".
Outra já briga: "Não revira esse olho para mim".

Ela ainda dificulta muitas coisas.
Às vezes a garota recém adulta se sente culpada com a falta de paciência que lhe escorre pelos lábios, foge pelos olhos e grita nas expressões.
Porém, não há muito o que fazer.
Uma hora vai passar, outra hora vai melhorar.
A banda cantou sobre essa impaciência: "Tan, tan, tan, batem na porta Não precisa ver quem é Pra sentir a impaciência Do teu pulso de mulher".
Ela deve ser bonita, ou por enquanto, só uma característica meio minha, mesmo.