quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Obra completa

Por favor, não me extraia pedaços.
Eu sei que é legal, sei que todos gostam de trechos, de frases,
mas por favor, só me queira se for pelo conjunto da obra.

É mais complexo, trabalhoso.
Ter tudo leva tempo, requer investimento.
Mas, por favor, não aceite nada mastigado,
já pensado, reduzido, simplificado.

Leia. Leia tudo e faça sua análise.
Grife, rabisque, critique, até amasse,
mas por favor, não se contente só com um pedaço.

Pense no meu trabalho, em todo o esforço,
todo o tempo que a história toda me demandou.
Assim, por favor, não aceite só o trecho que alguém publicou.

Não espero que você goste de tudo,
nem que se identifique com a posição que não é sua
ou com o mocinho que não parece em nada com você.
Só espero que os conheça e respeite o que receber.

Vamos, não me decepcione.
Preparei esse exemplar com carinho pra você.
Posso até autografar,
mas só se me garantir que vai ler até a última página
e de todos os trechos grifados, só vai conseguir indicar
a obra inteira,
pois completa
é como
é.

sábado, 19 de novembro de 2016

O trem no sábado de manhã

Não sei se você já pegou um trem na sua vida.
Se você mora quase perto do Tatuapé, como eu, já deve ter encarado os trens das linhas 11 e 12, além da maravilhosa e amada linha 3, vermelha, que dá problema todo santo dia na hora de ir trabalhar.
Todo dia de manhã, ah, o trem é aquele silêncio. E quando não é, ah, que mau humor. Fiquem todos quietos, por favor, porque tenho o direito de chegar no meu trabalho em silêncio contemplativo.
Pra você ter noção, não passa nem vendedor.
Mas no sábado de manhã... No sábado de manhã as coisas são bem diferentes.
O safirão parece uma família! Todo mundo conversando: alguns com amigos, outros com recém conhecidos.
Tem criança chorando, mulher costurando, criança contemplando, um ou outro mexendo no celular, outro ainda a pensar.
Acho que ninguém nesse vagão pensa em encontrar poesia em uma viagem tão rotineira.
Mas é isso o que acontece com a menina, encostada na porta no começo do vagão com um livro na mão, que se sente agraciada quando pela poesia cotidiana é encontrada.

domingo, 13 de novembro de 2016

Sobre ser

Durante praticamente toda a nossa vida e de várias formas, as pessoas, o sistema, a moda, a mídia e outros influenciadores tentam ditar nossa forma de ser, de vestir, de falar, de nos comportarmos e, dentro dessa realidade, escolher ser autêntico é verdadeiramente comprar uma briga. Para isso, nós precisamos ser muito seguros de nós, obstinados e determinados. Só que todas essas coisas citadas acima investem pesado para nos abalar.

Quando eu tinha uns quinze anos, entendi a importância de viver sem máscaras e fiz da sinceridade uma marca registrada da minha personalidade forte. Porém, sempre ouvi das pessoas que - obviamente - tenho uma personalidade forte rs as incomodava com meu jeito e, por várias vezes ouvi que deveria me vestir de outro jeito, não usar batom escuro, não usar shortinho, que era mais bonita sem maquiagem, que meu cabelo era melhor natural, que  minha franjinha é legal, mas de outra forma combina mais comigo. Eu não sou (mais) o tipo de pessoa que é grosseira e manda a pessoa cuidar da vida dela (a não ser que seja muito minha amiga rs), mas mesmo em algumas vezes que fiz isso, o comentário ficou em minha cabeça ou me fez pensar duas vezes antes de decidir alguma coisa. E além desse tipo de influência, por algum tempo, acreditei e ouvi (mas ouvi menos do que acreditei rs) que deveria ser ou fazer coisas de determinada forma para ser do jeito certo. Tipo, precisava ler por horas, precisava orar por horas, precisava escrever no blog todos os dias, etc.

Eu costumava dizer que Jesus nos aceita do jeito que somos, mas nos ama de mais para nos deixar do jeito que estamos. De fato, Jesus muda nossas vidas, mas tenho aprendido com Ele que sim: Ele nos ama como somos e estamos. Isso é mais do que aceitar, tipo: ah, fazer o quê, né? Haha, não! Jesus me ama do jeitinho que eu sou. Ele me transforma, Ele me aperfeiçoa, Ele me muda, sim. Mas isso é algo que Ele faz por mérito próprio, Ele não precisa que eu faça ou deixe de fazer certas coisas para que esse processo aconteça. É claro que tem coisas que Ele me diz para fazer, mas isso é a minha medida com Ele, tem a ver com nosso relacionamento, e não um padrão.

De qualquer forma, diante de TODAS essas coisas, hoje sou livre para ser quem eu sou. E sou livre em Cristo Jesus. Para usar meu batom vermelho, para ter opinião política, para me aventurar dando aulas de português sendo jornalista, para olhar para as pessoas que tem opiniões diferentes das minhas e aceitar nossas diferenças. Saber que sou aceita por Jesus transforma todinhas a minha visão e a minha percepção do outro e de mim e eu posso ser livre para amar a quem for sem a necessidade de comparações ou me sentir ameaçada.

Eu estou escrevendo esse texto porque há um tempo atrás Jesus encontrou uma Dani cheia de insegurança, que não conseguia decidir nada porque achava que faria tudo errado e com complexos de comparação e falou pra ela: Filha, você não precisa disso. Foi pra você viver livre que eu te libertei. Por isso, eu repito pra você: Foi pra viver livre que Ele te libertou. Tudo bem ser você mesmo (a) <3