Dona Tereza

Dona Tereza acorda cedo todos os dias.
Às vezes, quando estou no ponto para pegar o ônibus para o serviço, a vejo fazendo a mesma coisa: varrendo a calçada em frente a sua casa e a dos vizinhos.

Essa cena foi o que nos aproximou.
Um dia precisei fazer uma entrevista com personagem para uma vaga de emprego e batata: dona Tereza passou uma tarde agradável batendo um papo comigo.
Não tive o mínimo retorno do emprego, mas valeu a experiência.

Tempos depois levei minha entrevista para a faculdade.
A professora quis que entrevistássemos outro personagem, mais próximo a ela, e me disse que não consegui extrair de dona Tereza tudo que poderia.
Pois como não?
Extraí de dona Tereza sorrisos encantadores, uma amizade inesperada e encantadora, vários desabafos, conversas ótimas, apesar de rápidas, e um carinho enorme.

Dona Tereza tem uma história encantadora e um coração imenso. Faz parte da história do meu bairro, no extremo leste de São Paulo.
Seu nome não está nos anais da história, mas quando olho pra ela, me lembro que é de pessoas simples como ela que a história é construída.
Não sou a maior fã do meu bairro - é distante de tudo e me dá um trabalhão em locomoção.
Mas sou fã de carteirinha da dona Tereza.

Dona Tereza sorri, me abraça, abre o coração, conta da saúde, comenta que os ônibus já passaram e sempre me deseja um bom dia, que Deus me abençoe.

Espero sempre ter alguém por perto que varra a calçada em frente a casa dos vizinhos e aceite bater um papo com meninas sonhadoras em tardes comuns, enquanto tomam um café.
Espero também sempre poder me atentar a pessoas comuns do dia a dia, que mesmo que passem despercebidas para a maioria, compartilhem comigo suas histórias e passem a compor a minha.

Quero sempre uma dona Tereza que transforma meus dias comuns em dias especiais apenas porque encontrei com dona Tereza logo cedo no ponto :)