terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Hoje

Hoje eu não quero salvar o mundo.
Hoje eu não quero discutir política, não quero nem saber que foi golpe.
Hoje eu não quero ter um monte de compromissos, fazer tudo na correria nem ir a lugar nenhum só pra bater cartão.
Não quero atravessar a cidade, enfrentar transporte ou bloqueio criativo.

Hoje eu não quero ter que me concentrar ou mesmo que trocar de roupa.
Hoje eu não quero ter que ser relevante ou ter que decidir qualquer coisa.
Não quero fingir que está tudo bem, que uma parte da minha história não acabou de vez ou que é mesmo só o filho da amiga da minha mãe.

Hoje eu quero deitar na minha cama, assistir Netflix ou mesmo lavar roupa.
Hoje quero sentir a minha dor, encarar o meu luto, velar minha juventude.
Quero provocar o mundo contando o que aconteceu, como estou me sentindo.
Quero lembrar a história, encarar os fatos, enfrentar que o que poderia ter acontecido não aconteceu e não vai mais acontecer mesmo.

Hoje eu quero definir o clima, sair logo do almoço, mas conversar até tarde com quem me sinto bem.
Quero cuidar, perguntar se está tudo bem, se comeu e como continua vivendo agora.
Quero parar, me rebelar contra o relógio, dizer que não adianta ele continuar correndo porque eu não sou um robô. Eu vou parar para sentir a minha dor.
Hoje vou assumir que não entendo, mas mesmo assim aceito e que é só isso mesmo que eu sou.

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