terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Nostalgia limitada

Eu tenho um texto pendente
Pra quem escreve, nada é pior do que textos pendentes
Porque a gente busca inspiração desesperadamente
Em tudo o que a gente olha, em tudo o que a gente sente

Mas bem no dia do texto pendente,
Encontrei uma carta sua
Escondida entre lembranças e documentos
Ali não era lugar para uma carta
Assim como em nossas vidas já não cabe um nós

Passei o dia do texto pendente encontrando rimas pelos cantos
Mas quando vi sua carta, desisti de rimar
 E passei a me perguntar
O que foi que aconteceu da gente

Em suas palavras vi sinceridade
 E sim, elas falam muito sobre os nossos motivos de brigas e amizade
Mas depois de tudo, o que ficam pendentes são as respostas

Depois de nós, outros vieram, outros já se foram
Mas as palavras ficaram
E me emocionaram
Não entenda mal. Quanto a nós não há pendências
 Isso já está muito bem resolvido, com duas voltas de chave na porta

Mas, se tudo muda,
Como jovens e imaturos podíamos sonhar que o nosso para sempre não acabaria
Se depois de tudo,
Ao nos encontrarmos eu apenas sorriria
Entraria no carro e seguiria a vida?

A carta teve seu destino igual ao de todas as outras coisas que me deu
Mas deixou pendente o mistério de dois anos de resistência
Como, em meio a todas as outras coisas, bem ela ficou?

Agora me aparece mais uma pendência: esse final
Essa é a terceira vez que o escrevo

Mas lembrei que aprendi com Ruth Manus sobre a importância de escrever cartas para dizer o que não falaríamos de outra forma
Então acho essa uma boa forma de te dizer o que não falaria em nossas conversas de oi, tudo bem?, tudo bem e você?, estou bem, troquei de emprego, parabéns, agora só falta você, falta mesmo mas tá bom, tá bom então, todo mundo bem?, todo mundo bem e aí todo mundo bem?, todo mundo bem, então tá bom.

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