Em uma guerra, a primeira e maior
batalha de um soldado é interna. Primeiro contra suas próprias
limitações, em seguida contra as vozes.
Dizem que em uma guerra, os soldados
tem que ser racionais, que quem sente é fraco.
Dizem que nas batalhas é cada um por
si e o que importa é a auto preservação.
Dizem também que quem enfrenta
batalhas pessoais durante a guerra não devia estar nela.
Mas aqui é tudo diferente. Não
importa o que as pessoas dizem, a realidade é assustadoramente maior
e mais complexa.
Aqui, quando se está sangrando, é
sangrando, mesmo, que se vai pro campo de batalha, é sentindo dor, é
com toda a dificuldade de ser uma pessoa lutando por si e por outras,
é sendo engolido pelo medo quando vê ao seu lado cair um
companheiro alvejado pelo inimigo e correr para ajudá-lo com a
terrível consciência de que suas mãos cansadas não podem fazer
muita coisa, é tendo que lidar todos os dias com as próprias
dificuldades, dores e limitações, é não poder descansar porque
mesmo quando se está dormindo, tem que permanecer atento ao que
acontece ao redor, é ficar ligado para que não haja nenhum
descuido, é sentir o desespero e a desolação tão próximos que
pode sentir sua respiração e tentar permanecer firme, é superar a
saudade, a tristeza, suas próprias dores, é ver a vida e a guerra
tentando te devorar e aos seus companheiros, mas aguentar firme, não
por força, mas porque não resta muita escolha.
A maior batalha realmente acontece
dentro.
Se você está na guerra, mas ela não
entrou em você, você ainda tem alguma chance de sair vencedor. Um
soldado experiente sabe muito bem disso. Todo o terror, todo o horror
estão ali, bem diante dos olhos e é impossível passar inerte a
eles, mas o bom soldado sabe que o que define a sobrevivência é o
quanto se pode aguentar sem desistir de lutar.
Mas no meio da guerra, o soldado mais
forte não é o que não sente, mas o que sabe que por suas próprias
forças não consegue vencer uma batalha sequer, e por isso tira toda
a armadura, reconhece sua limitação e entende e aceita que é sim
só com uma pedrinha que se vence o gigante.
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Oi, vai ser um prazer ler sua mensagem! Obrigada pelo tempo e pelo carinho. Espero que tenha gostado do blog e do texto :)